Saúde & Performance - Fisiologia
Após a execução de uma sessão de
exercícios, aeróbio ou contra-resistência, a taxa metabólica permanece
elevada em relação aos valores de repouso, para que o organismo retorne
ao seu estado de equilíbrio. Esse momento, denominado por Gaesser e
Brooks como EPOC (excesso de oxigênio consumido pós-exercício),
caracteriza-se pelo consumo de oxigênio aumentado em relação ao período
pré-exercício. O consumo de oxigênio guarda relação direta com o gasto
energético, ou seja, considera-se que a cada litro de O2 consumido,
aproximadamente 5 Kcal são geradas no organismo.
O excesso de consumo de
oxigênio após o exercício consiste em um componente rápido e um
componente prolongado. O componente rápido do EPOC ocorre dentro de 1h.
Embora a causa precisa dessas respostas não esteja bem esclarecida, é
provável que esses fatores contribuam para: a ressíntese de ATP/CP,
redistribuição comportamental dos íons (aumento na atividade da bomba
de sódio e potássio), remoção do lactato, restauração do dano tecidual,
assim como restauração do aumento da freqüência cardíaca e do aumento
da temperatura corporal.
Durante o componente
prolongado, processos para o retorno da homeostase fisiológica ocorrem
continuamente, porém em um nível mais baixo. Esses processos podem
incluir o ciclo de Krebs com maior utilização de ácidos graxos livres;
efeitos de vários hormônios, como o cortisol, insulina, ACTH, hormônios
da tireóide e GH; ressíntese de hemoglobina e mioglobina; aumento da
atividade simpática; aumento da respiração mitocondrial pelo aumento
da concentração de norepinefrina; ressíntese de glicogênio e aumento da
temperatura.
O principal substrato energético utilizado nesse momento são os lipídeos. Um estudo feito por Wirth apud
Bronstein (1996) mostrou que após a atividade física, a incorporação
de ácidos graxos no tecido adiposo e sua estratificação para
triaciglicerol diminuem, pois ocorre um aumento na concentração
plasmática de ácidos graxos livres, aumentando, portanto, a sua
oxidação.
Outras evidências também
mostram que no pós-exercício ocorre aumento da oxidação do glicerol,
que vem a ser uma contribuição adicional para a redução da lipogênese,
pois com o exercício estimula-se a função dos hormônios tireoidianos.
Estes permitem que uma quantidade maior de glicose permaneça na
circulação (não sendo utilizada pelas células), promovendo desta forma o
catabolismo da glicose e o metabolismo das gorduras.
Hoje em dia instituições com
American Heart Association recomendam exercícios que utilizem os maiores
grupos musculares, para manter uma quantidade de força, endurance e
massa muscular. Isso porque os exercícios com pesos aumentam o gasto de
energia no repouso, pelo aumento da massa muscular.
Outro motivo pelo qual o
treinamento contra-resistência parece ser importante é a elevação do
VO2 residual pós-exercício. Exercícios contra-resistência, elevam o
lactato sanguíneo, catecolaminas e hormônios anabólicos, mantendo a
razão da troca respiratória pós exercício elevada durante um período de
2 horas e a taxa metabólica de repouso elevada por até 15 horas,
utilizando a gordura como substrato energético durante esse período.
A figura abaixo ilustra o consumo de oxigênio antes, durante e após uma sessão de exercício contra-resistência:
Ainda é bastante discutida qual
a combinação de exercício que potencializa o EPOC e qual combinação
que faz o seu tempo aumentar. Porém, pode-se afirmar que EPOC pode ser
um importante fator para a redução ponderal.
Segundo o American College of
Sports Medicine (ACSM), recomenda-se que toda população se engaje em
uma rotina regular de exercícios que englobe 20 a 60 minutos de
exercícios aeróbios de 3 a 5 dias por semana, juntamente com um
treinamento de resistência com freqüência de 2 a 3 vezes por semana.
Referências Bibliográficas:
HASKELL et al. Physical
Activity and Public Health: Updated Recommendation for Adults from the
American College of Sports Medicine and the American Heart Association.
Medicine & Science in Sports & Exercise, v.39, n.8, 2007.
Bronstein, M.D. Exercício Físico e Obesidade. Revista da Sociedade de Cardiologia do estado de São Paulo, v.6, n.1, 1996.
Foreaux et al. Efeito do consumo excessivo de oxigênio após exercício e da taxa metabólica de repouso no gasto energético. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.12, n.6, 2006.
Harsen et al. Estratégias para o emagrecimento. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v.6, n.1, 2004.
Fonte: RGNutri
Fonte: RGNutri